domingo, 1 de abril de 2012

Catequese 11: Páscoa - da Morte à Vida

Nesta sessão iniciamos com um cântico alegre: "Vou falar-te de um Amigo".
De seguida lemos uma parábola que se encontra no catecismo:

A Cana de Bambu

Havia um jardim junto da casa do Senhor. De todas as plantas, a preferida do Senhor era uma cana de bambu, esbelta e elegante:
Um dia, o Senhor aproximou-se dela e disse-lhe:
- Preciso de ti. E, para contar contigo, preciso de te arrancar.
- Arrancar-me? Falas a sério? Tudo, menos isso.
- Se não te arranco, não me servirás.
- Senhor, se não podes servir-te de mim sem me arrancares, arranca-me!
- Minha querida cana, ainda não disse tudo. É necessário que te corte as folhas e os ramos.
- Senhor, não me faças isso! Converter-me-ei numa planta ridícula!
- Se não te corto as folhas e os ramos, não me servirás.
- Está bem, Senhor, corta-mas.
- Minha querida cana de bambu, tenho ainda um coisa a pedir-te. Terei que te cortar em duas e tirar toda a seiva. Sem isso, não servirás para nada.
A cana de bambu não sabia que dizer. Lançou-se ao chão e ofereceu-se ao Senhor.
Então o Senhor cortou as folhas e os ramos, partiu-a em dois e extraiu-lhe a seiva.
Depois foi para junto de uma fonte de água fresca, próxima dos campos que há muito morreriam de sede. Com muito carinho atou uma ponta da cana à fonte e a outra colocou-a no campo. A água que emanava da fonte começou pouco a pouco a deslocar-se para os campos através da cana de bambu. O campo começou a ficar verde. Quando chegou a Primavera, o Senhor plantou arroz. Os dias foram passando, até que chegou o tempo da colheita. Com ela o Senhor pôde alimentar o seu povo.

Através desta parábola vimos que há muitas situações em que "morrer" leva à vida.
Também é necessário que alguns membros da família façam sacrifícios, para que ela se mantenha unida.
Muitos mártires ofereceram a sua vida em favor de uma causa ou da vida de muitos.
O exemplo que podemos apontar aqui é Jesus.

Seguidamente, formamos 4 grupos e analisamos os quatro evangelhos em que se narram as últimas palavras de Jesus antes de morrer. 

Mt 27,35-50;
“Depois de o terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte. Ficaram ali sentados a guardá-lo. Por cima da sua cabeça, colocaram um escrito, indicando a causa da sua condenação: «Este é Jesus, o rei dos Judeus.» Com Ele, foram crucificados dois salteadores: um à direita e outro à esquerda. Os que passavam injuriavam-no, meneando a cabeça e dizendo: «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és Filho de Deus, desce da cruz!» Os sumos sacerdotes com os doutores da Lei e os anciãos também zombavam dele, dizendo: «Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é o rei de Israel, desça da cruz, e acreditaremos nele. Confiou em Deus; Ele que o livre agora, se o ama, pois disse: „Eu sou Filho de Deus!» Até os salteadores, que estavam com Ele crucificados, o insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a terra. Cerca das três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: Eli, Eli, lemá sabactháni?, isto é: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Alguns dos que ali se encontravam, ao ouvi-lo, disseram: «Está a chamar por Elias.» Um deles correu imediatamente, pegou numa esponja, embebeu-a em vinagre e, fixando-a numa cana, dava-lhe de beber. Mas os outros disseram: «Deixa; vejamos se Elias vem salvá-lo.» E Jesus, gritando outra vez com voz forte, entregou o espirito.

Mc 15,21-37;
Para lhe levar a cruz, requisitaram um homem que passava por ali ao regressar dos campos, um tal Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo. E conduziram-no ao lugar do Gólgota, que quer dizer „lugar do Crânio.
Queriam dar-lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não quis beber. Depois, crucificaram-no e repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada um. Eram umas nove horas da manhã, quando o crucificaram. Na inscrição com a condenação, lia-se: «O rei dos judeus.» Com Ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e o outro à sua esquerda. Deste modo, cumpriu-se a passagem da Escritura que diz: Foi contado entre os malfeitores. Os que passavam injuriavam-no e, abanando a cabeça, diziam: «Olha o que destrói o templo e o reconstrói em três dias! Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!» Da mesma forma, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei troçavam dele entre si: «Salvou os outros mas não pode salvar-se a si mesmo! O Messias, o Rei de Israel! Desça agora da cruz para nós vermos e acreditarmos!» Até os que estavam crucificados com Ele o injuriavam.
Ao chegar o meio-dia, fez-se trevas por toda a terra, até às três da tarde. E às três da tarde, Jesus exclamou num grande grito: «Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?», que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Ao ouvi-lo, alguns que estavam ali disseram: «Está a chamar por Elias!» Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana e deu-lhe de beber, dizendo: «Esperemos, a ver se Elias vem tirá-lo dali.» Mas Jesus, dando um grande grito, expirou.”

Lc 23, 33-46
 “Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-no a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.»Depois, deitaram sortes para dividirem entre si as suas vestes.
O povo permanecia ali, a observar; e os chefes zombavam, dizendo: «Salvou os outros; salve-se a si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito.» Os soldados também troçavam dele. Aproximando-se para lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!» E por cima dele havia uma inscrição: «Este é o rei dos judeus.» Ora, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-o, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós também.» Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo que as nossas acções mereciam; mas Ele nada praticou de condenável.» E acrescentou: «Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino.» Ele respondeu-lhe: «Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.»
Por volta do meio-dia, as trevas cobriram toda a região até às três horas da tarde. O Sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.» Dito isto, expirou.”

Jo 19, 17-30
“Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota, onde o crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos redigiu um letreiro e mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.» Este letreiro foi lido por muitos judeus, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade e o letreiro estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Então, os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: «Não escrevas „Rei dos Judeus, mas sim: „Este homem afirmou: Eu sou Rei dos Judeus.» Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi.» Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo, não tinha costuras. Então, os soldados disseram uns aos outros: «Não a rasguemos; tiremo-la à sorte, para ver a quem tocará.» Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Repartiram entre eles as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. E foi isto o que fizeram os soldados.
Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!».Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!» Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”

 Depois de ter analisado cada evangelho chegamos às seguintes conclusões:

Evangelho
Palavra de Jesus
Sentimentos que exprimem
Mt 27, 35-40
«Eli, Eli, lemá sabactháni?, isto é: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste» (Mt 27, 46)
Abandono/Solidão Dor/Sofrimento Injustiça humana. Entrega a Deus.
Mc 15, 21-37
«Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?», que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?» (Mc 15,34)
Abandono/Solidão Dor/Sofrimento Injustiça humana. Entrega a Deus
Lc 23, 33-46



«Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.» (Lc 23,32)
Compaixão/Perdão/Amor União com Deus
«Em verdade te digo: hoje estarás  
comigo no Paraíso.» (Lc 23,43)
Perdão/Amor que salva/ Confiança
«Pai, nas tuas mãos entrego O
meu espírito.» (Lc 23,46)
Amor /Confiança total no Pai/Doação/Entrega
Jo 19, 17-30
«Mulher, eis o teu filho!Eis a tua mãe!» (Jo 19,26-27)
Amor/Confiança
«Tenho sede» (Jo 19,28)
Sofrimento/ Angústia Decisão de fazer a vontade de Deus
«Tudo está consumado.» (Jo 19,30)
Cumprimento da vontade do Pai/ Entrega

 No que diz respeito aos dois primeiros evangelhos, São Mateus e São Marcos, constatamos que São Mateus apresenta as palavras de Jesus em hebraico, língua em que foi escrito o Antigo Testamento, enquanto São Marcos apresenta-as em aramaico, língua falada na Palestina. Ambas traduzem-se por: "Meus Deus, meu Deus, porque me abandonaste?" Estas palavras exprimem uma profunda solidão, pois por um lado via-se abandonado pelos discípulos (um atraiçoou-o e outro negou-o), por outro lado sente-e abandonado por Deus. No entanto, Jesus não está desesperado, pois as palavras que ele diz são uma oração, nomeadamente o Salmo 22, ou seja, é a Palavra de Deus. Portante, Jesus reza a Deus, com as palavras do próprio Deus. Tanto São Mateus como São Marcos introduzem a oração de Jesus com a mesma expressão com que introduzem a notícia da sua morte ("grande grito" e "voz forte"). Assim sendo, podemos dizer que Jesus morreu, rezando, e a sua morte foi ma total entrega da Deus.
No evangelho de São Lucas, Jesus também reza uma oração, o Salmo 31,6, e liga-a à morte de Jesus. Antes desta oração, Jesus diz outra oração na qual pede a Deus para que perdoe a quem O está a matar. Vemos aqui que um dos malfeitos se arrepende, levado pelo perdão de Deus, pois é um amor que salva quem acolhe e se confia a quem O ama.
Em São João as primeiras palavras são como um testamento. Jesus entrega o que lhe resta: a mãe e depois o melhor discípulo. As segunda palavra é do Salmo 22, 16. Mas de que tem sede Jesus? De Deus, de fazer a vontade de quem o enviou. As últimas palavras exprimem o cumprimento da vontade do pai.
Por conseguinte as palavras-chave que exprimem os sentimentos de Jesus são:
- amor
- perdão
- salvação
- confiança
- confiança
- consumação
- entrega

Tal como a cana de bambu, Jesus entrega-se totalmente ao seu Pai. Vimos que há muitas pessoas que no presente e no passado se entregaram a Deus. Por conseguinte, os catequizandos redigiram as suas "Bem-aventuranças de entrega":

Refrão: Bem-aventurados todos nós seremos. Ámen! Aleluia!

Felizes os que entregam a vida pelo amor de Jesus.
Felizes os que entregam aos seus amigos.
Felizes os que entregam a ajudar os pobres sem pedir nada em troca.
Felizes os que entregam aos doentes que morrem todos os dias sozinhos em casa.
Felizes os que entregam às pessoas mais necessitadas.
Felizes os que entregam a Deus e a Jesus.
Felizes os que entregam por compaixão.
Felizes os que entregam a causas humanitárias, deixando a sua família para traz.
Felizes os que entregam para amar os que não recebem amor
Felizes os que entregam pelos que precisam.
Felizes os que entregam pelos seus inimigos.
Felizes os que entregam pelos que acreditam.